Pular para o conteúdo principal

Juiz afasta major da PM acusado de tortura em Posse


25/05/2012 - 18h35

Juiz afasta major da PM acusado de tortura em Posse

Acolhendo pedido feito pelo Ministério Público, o juiz Joviano Carneiro Neto, da comarca de Posse, decretou a suspensão cautelar do major da Polícia Militar Washington da Silva Melo do exercício de sua função pública, tendo em vista a denúncia oferecida contra ele por crime de tortura contra três jovens no carnaval deste ano naquela cidade. Conforme destacado na decisão, a suspensão deverá ter início no prazo de 48 horas a contar da ciência do Comando-Geral da PM, “por intermédio dos superiores hierárquicos do denunciado, os quais firam responsabilizados pelo devido cumprimento desta decisão”. O magistrado também recebeu a denúncia oferecida pelo promotor de Justiça João Paulo Cândido S. Oliveira e determinou a citação do major para apresentar defesa escrita.
De acordo com a denúncia do MP, por volta das 4h30 do dia 22 de fevereiro, o major submeteu as pessoas que estavam em seu poder e autoridade em função de ocorrência policial a intenso sofrimento físico e mental, em razão do emprego de violência e grave ameaça, o que caracteriza o crime de tortura, previsto na Lei Federal 9.455/97.
Os abusos teriam começado ainda nas dependências do camarote do carnaval 2012, no Centro da cidade, e continuado durante o percurso até a viatura, dentro do veículo e no quartel da PM.
O caso
Na denúncia, o promotor de Justiça conta em detalhes como se deram as agressões contra os três rapazes, em especial contra um estudante. O major Washington era o comandante do policiamento local do evento e responsável por organizar a tropa e trazer segurança aos foliões.
Conforme o relato do MP, na madrugada de 22 de fevereiro, o comandante foi analisar uma possível desordem no camarote do carnaval, onde um grupo de seis pessoas estava próxima a um alambrado.. Uma das vítimas estava usando um pequeno banco como pandeiro, sendo questionado pelo major sobre o objeto. Depois do mal-entendido, determinou que um subordinado o revistasse. Nesse momento, um primo do rapaz questionou o que estava acontecendo e pediu para ser revistado também, o que foi feito pela polícia.
Um deles perguntou se as pessoas que faziam a revista eram mesmo policiais, já que não estavam fardadas. O major, alegando desacato, determinou aos policiais que o algemassem. No percurso, até a viatura o comandante começou a dar tapas e a xingar o rapaz, determinando que os policiais levassem os detidos ao quartel da Polícia Militar.
Ao ouvir isso, uma das vítimas, que é estudante de direito, afirmou que o correto era levá-los até uma delegacia. Imediatamente e sem motivos, o estudante tomou um golpe de cassetete nas costas, continuando também a pressão psicológica e de ameaça por parte do major.
No caminho até a viatura, o estudante foi empurrado com cassetetes, enquanto seu primo, que não estava algemado, tentava contornar a situação. Assim, o major abriu o porta- malas do carro e determinou que a vítima entrasse ali. Não ouvindo os apelos do jovem para ir no banco de trás, o major, aparentemente embriagado, empurrou o rapaz, que tinha cerca de 1,90m de altura, para dentro do porta-malas. Nesse momento o comandante pegou as chaves do carro e passou a dirigir pessoalmente a viatura.
Durante o percurso, o major, em vez de seguir para o quartel, se dirigiu a uma região desabitada da cidade e com baixa iluminação. O primo e um amigo da vítima, que seguiam a viatura, começaram a dar sinal de luz alta para que ele mudasse de ideia de praticar qualquer mal à vítima.
Ao perceber que estava sendo seguido, partiu para a sede da PM, xingando a vítima que estava no bagageiro. Os dois amigos do estudante apreendido chegaram ao local, mas receberam a informação de que deveriam retirar o veículo da frente do quartel. O motorista então tomou um golpe de cassetete na cabeça por um dos policiais que acompanhavam o major, que pegou o rapaz pelo colarinho da camisa e o retirou do carro, lançando sua cabeça por diversas vezes no para-brisas. O rapaz levou chutes e recebeu ofensas verbais, chegando a perder a consciência e cair no chão, enquanto o major dizia: “Vai desmaiar? Traz o 'choquinho', traz o saco”. Não satisfeito, o comandante foi em direção do outro rapaz que se encontrava dentro do carro, retirando-o à força, dando início a outra sequência de agressões, que incluíram golpes de cassetete na cabeça, tapas no rosto e golpes nas costas, cintura e braço.
Encerrada essa sessão de agressões, o comandante Washington foi até o veículo onde estava o estudante, retirando-o do bagageiro. Nesse momento passou a estapeá-lo, provocando, inclusive, uma fratura no nariz do rapaz. Os jovens que acompanhavam o estudante, então, foram colocados dentro de uma pequena sala na entrada do quartel, enquanto o estudante ficou sentado próximo ao portão.
Dentro da sala, o major retomou as agressões físicas e mentais, ordenando que o estudante também fosse levado à sala, onde passou a ser agredido com mais tapas. Com a chegada da mãe do estudante no quartel, o major foi convencido por outros policiais a conduzir todos para a delegacia.
Mesmo diante da presença da mãe, o estudante só teve as algemas retiradas depois que uma advogada chegou ao local. Durante a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência, o major se ausentou e retornou aparentando estar ainda mais embriagado, chegando a esbarrar no balcão e derrubar uma campainha, provocando risos nas pessoas que estavam na recepção da delegacia, por verem um oficial da PM em estado desrespeitoso com a corporação.
Depois de tudo isso, os três rapazes ainda tiveram contra eles instaurado procedimento criminal de menor potencial ofensivo diante do suposto desacato e resistência à prisão.
Sindicância
Além da denúncia criminal oferecida pelo promotor contra o oficial, os fatos relatados resultaram na instauração de uma sindicância para apurar possível prática de crime militar ou transgressão disciplinar pelo major. Essa sindicância foi aberta em 27 de fevereiro, mas, apesar da investigação, a própria PM designou Washington da Silva, em portaria datada de 9 de maio, para assumir o comando do 24º Batalhão da Polícia Militar em Posse. Na opinião do promotor João Paulo, essa nomeação é uma afronta ao sistema de segurança pública da comarca e à população. (Texto: Ana Cristina Arruda e Cristiani Honório dos Santos/Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POSSE DO PREFEITO PAULINHO - POSSE/GO

A posse dos eleitos em 05 de outubro de 2008 – foi realizada no Auditório Municipal José Antonino da Silva - foram empossados em sessão solene da Câmara Municipal presidida pelo vereador Evandro de Oliveira Neves – Vando (PTN) - o prefeito Paulo Roberto Marques de Souza - Paulinho (PMDB) e o vice Dr. Vavá (PSDB). O prefeito Paulinho estava acompanhado pela primeira dama Nice. A sessão solene da Câmara Municipal contou com o auditório lotado (ver imagens) a presença do deputado federal Pedro Chaves, foi um componente a mais na posse, pois no seu discurso disse que a promessa feita na Câmara em 2003 da construção do no trevo de acesso a Posse/GO pela BR-020 será concretizado “... em 2, 3 ou 4 meses adiante”, e construção do lago já conta com emenda no orçamento federal a ser aprovada, e também há recursos a serem entregues à UEG de Posse (biblioteca e construção de novas salas), mas não precisou a origem dos recursos. O Dr. Eltinho em suas palavras fez o de sempre, deixou o recado ao gru

FESTA JUNINA 2012 - POSSE - GO

A Prefeitura Municipal de Posse, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, convida à comunidade possense a participar da tradicional festa junina das Escolas e Colégios Municipais e Estaduais a realizar-se nos dias 08 a 09 de junho, a partir das 18h na Praça da Liberdade. Confira as atrações : Concurso de quadrilhas (Escolas e Colégios municipais e estaduais) Bandas Sexta- feira (08/06) Sandrinho da Viola e Matheus, João Marcos e Chistiano, Mixirica do Forró. Sábado (09/06) Ana Clara e Rafael, Os Controlados do Forró, Carlos Senner. O resultado da FESTA JUNINA você confere  aqui! -                                            Por:  Ivan Carlos Brasileiro Prefeito Paulo Roberto com José Guariz www.posse.go.gov.br   As noites tornaram-se pequenas diante do  espetáculo proporcionado pelos participantes como um show a parte na apresentação e evolução dos temas alegóricos de cada concorrente, levando ao delírio os exp

Noticiada vacância de 33 cargos de juiz de direito em comarcas do interior

Notícias do TJGO Noticiada vacância de 33 cargos de juiz de direito em comarcas do interior 14/03/2014 16h29 Foram publicados nesta sexta-feira (14), no Diário da Justiça Eletrônico, 33 editais de promoção e remoção e/ou promoção para comarcas do interior. Serão providos por promoção (antiguidade ), 17 cargos de juiz de direito: da 2ª Vara Cível, das Fazendas Públicas, de Registros Públicos e Ambiental das comarcas de Cristalina e Quirinópolis; 2ª Vara (Cível, Criminal, das Fazendas Públicas e de Registros Públicos) de Goiás; Juizado Especial Cível e Criminal de Posse; 2º Juizado Especial Cível e Criminal de Jataí; Vara Cível, Criminal, da Infância e da Juventude, das Fazendas Públicas e de Registros Públicos de Posse; Juizado da Infância e da Juventude de Luziânia; Vara de Família, Sucessões e Cível de Mineiros; 1ª Vara Criminal de Luziânia, Formosa e Rio Verde; 1ª Vara (Cível, Criminal e da Infância e da Juventude) de Porangatu e Iporá; 1ª Vara (Cível, de Família, Sucessõe